Fala Malu

Eu já tive as quatro patinhas “funcionando”. Nesses dias, eu tinha donos que “funcionavam” também. Eu já fui uma filhotinha linda e sapeca – minha tia Scheyla deduz isso – e quando eu era assim, meus donos me cercavam de carinho e dedicação. Qualquer chorinho meu, era motivo de um cafuné nas orelhinhas.
Não sei bem como me aconteceu de vir parar na AMA. Só sei que eu cheguei muito debilitada. Eu não entendia direito, mas minhas patinhas traseiras não andavam mais. Mas como elas funcionavam antes, eu sempre tento fazê-las funcionar! Tudo fica mais fácil quando me colocam na cadeirinha de rodas. Eu adoro! É a oportunidade de procurar meus verdadeiros donos. Eu os amo muito... minha tia Scheyla não os conhece. Sei que apesar de terem me abandonado, eu os amo incrivelmente. Minha tia Scheyla diz pra mim que eu não devo lembrar deles. Que eu tenho uma nova família: a AMA. Eu adoro a todos da AMA, mas eu queria mesmo, era uma casa onde eu pudesse brincar livre. Aqui na AMA as vezes é muito triste. Eu nunca vi tantos amiguinhos doentes!
Minha tia Scheyla me lembra que eu estou deficiente, por isso não podem me dar pra qualquer um. Tem que ser alguém que, além de amar os animais que são rejeitados por humanos doentes de coração, ame também aos que estão deficientes. Não entendo direito essa palavra, “deficiente”. Sei que é por causa dela que as pessoas sentem pena de mim! Não sei por que dessa pena! Eu me sinto ótima, me sinto feliz! Eu não entendo por que tanta pena... deixem as penas para as galinhas. Eu me sinto feliz e pronta para ter uma casinha.
Eu penso que todos os meus amiguinhos e irmãos que são deficientes, devem querer tanto quanto eu, um lar. Não queremos pensa, queremos só ser amados! Tenham menos pena de nós e nos ajudem a ter uma casa! Uma família, um lar com o carinho que merecemos.