sábado, 17 de setembro de 2011

O túmulo de Bob.



Antes, eu passeava com Bob todos os domingos. As vezes, ele que me levava para passear. Não escondia de ninguém que eu estava pronta para servir todos os animais, mas Bob tinha uma certa vantagem entre os outros. Ele exigia a minha presença; desde a primeira fez em que ele andou na primeira cadeirinha, estabeleceu-se entre nós, esse laço de afinidade e cumplicidade. Eram passeios no fim da tarde, geralmente. Ele comia capim, corria... e voltava-se para olhar se eu estava prestando atenção nele. É muito esquisito não vê-lo em seu canil.E pior ainda, não vê-lo nunca mais. Mas, como tudo segue assim, a vida continua,implacável, como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse morrido, como se nada tivesse sentido. Então, volto-me para os outros. Malu foi passear na rua, no lugar dele (Malu, Caco, Ronaldinho, Popó, Pandora e outros...). Caminhamos, ela fugiu pelo meio dos matos e percebi que um pouco adiante estava o lugar em que Nice o colocara depois que ele nos deixou. o lugar fica em frente ao lugar onde a gente passeava. Acho que Nice quis que de certa forma, ele continuasse presente nos passeios dominicais. Malu abaixou a cabeça, perto do túmulo dele. Achei tão interessante... será que el sabe que ele está ali? Registrei o momento numa foto. Quando cheguei no lugar onde ele estava pela primeira vez, eu pensei em levar-lhe flores,em sinal de meus sentimentos por aquele cachorro bravo, de latido rouco, que tanto me amava e demonstrava gostar de mim... mas pensei melhor. O melhor seria que eu não ceifasse a vida das flores para ofertar a ele uma vida que estava se esvaindo. O melhor seria, que ao invés de plantes mortas, eu celebrasse sua memória, cuidando de outros animais. Abaixei perto de Malu, afaguei-lhe s orelhas e beijei sua cabeça.
- Vamos, Malu? - chamei-lhe carinhosamente, e ela veio. descemos dos matos e ela tomou o asfalto, acelerando, como só ela sabe fazer.
Olhei para trás por uns instantes... Bob está tão vivo quanto antes, em minhas memórias. Não existe morte para o amor. Mas existe um caminho a ser percorrido por todos os que perdem os animais que amaram: é o caminho do recomeço. Falar igual a Ayrton Senna: Acelera que tem muito pela frente.

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