De uma de suas mamães, para Malu.

Malu está doente. Eu sei e Nice sabe, o tempo dela está se esgotando. Para onde foram todos os anos, toda a saúde? Eu sinceramente não os vi passar. Ah, o tempo... que constrói e destrói tudo. Por favor, peço todos os dias, não a leve embora. Não agora, não agora, não agora. Nem nunca. Pegar Malu no colo é a prova que seu corpinho já não é o gorducho de antes... o pior é saber que foi feito de tudo para que os dias dela se prolonguem. Nice levou-a repetidamente ao veterinário, medicou-lhe conforme orientado, mas o cálculo renal dela parece ter travado uma luta conosco.

Alguma coisa sempre me alertou para o risco iminente de perder quem mais amamos. É óbvio, a morte virá um dia para todos nós, não há como saber, por exemplo, que eu não irei antes dela. Para onde? Sei lá.

Lembro de todas as travessuras dela e morro de rir, e sei que essas mesmas lembranças que me fazem rir hoje, me farão chorar amanhã.

Quero guardá-la, Malu, numa caixinha de vidro, como me disse uma amiga uma vez, para proteger-te de todo mal, de toda doença, de tudo que há de ruim. Quero guardar a sua alegria tão sincera em nos ver, a sua traquinagem fugindo do canil... Maluzinha, ainda que tudo se acabe, e com certeza um dia acabará, a sua lembrança ficará para a posteridade, como um símbolo. Um simbolo muito forte de perseverança, superação e esperança. Você é isso, o símbolo da Ama. Eu sinto que é e sempre será, uma honra consertar suas cadeirinhas de rodas, levá-la para passear. Sinto-me privilegiada em ter conhecido a Ama e ter tido a oportunidade de viver essas experiencias que com certeza, me modificaram para sempre.

Esteja comigo, Malu, em meus braços para um abraço apertado, ou em meu coração, na forma de dignidade e esperança. Esta ultima costuma me abandonar sempre. Para você, minha linda, minha querida, quero dedicar essas palavras e o meu carinho. Eu vou sempre amar você.